No passado, essa era a questão, à qual se dava o nome de questão metafísica. Hoje, com o descrédito da metafísica, chamemo-la de questão sobre os fundamentos da ordem cósmica e sócio-histórica”. (Adão Lara, Revista do SINPRO, ano 1, n° 1, 1990, p. 45-47)
6-A Filosofia é necessária para se preservar a ecologia
Nossa avaliação é que a questão ecológica é mais pertinente à filosofia do que à ciência e à técnica. É que o progresso tecnológico, a super valorização da razão instrumental e a proteção da natureza andam na contramão.
Foi depois da invenção da Ciência, a partir do século XVI, e do uso que a tecnologia vem fazendo desta, que o equilíbrio ecológico entrou em crise.
Concepção orgânica do mundo
Restringindo-nos ao seguimento filosófico ocidental, diria que os gregos, instigados pela coruja de Minerva
[14], criaram e projetaram, na Idade Clássica e na Idade Média, a concepção orgânica do mundo. Para os filósofos gregos, o mundo era um organismo vivo permeado pela substância divina (pelo sagrado) que é a substância que determina e dirige o desenvolvimento do mundo. Na concepção popular, esta substância era formada pelos próprios deuses e na concepção dos filósofos era o “logos”, a razão. Em ambos os casos, porém, tratava-se do princípio, aquilo que está na subjacência do ser. Ferir a natureza era ferir o próprio homem - síntese do universo. Na Idade Média, em que a exigência do ter não padecia a mesma violência de hoje, em que a ganância do consumismo era mais submissa às exigências do ser, tinha-se o máximo carinho com a terra, considerada a grande mãe. Tão viva era ela, que se tinha a obrigação de lhe dar férias periodicamente. Era o tempo de repouso
[15].
Concepção mecânica do mundo
A Idade Moderna, sob o pretexto de eliminar os exageros castradores da idade anterior, chegou ao extremo de trocar a visão clássica do mundo pela visão mecanicista, a visão do sagrado pela visão do profano, do homem e do mundo.
Então começa a bulha: a violência recíproca do sagrado e do profano. No bojo desta visão filosófica nasce a nova ciência (nova?). Um de seus principais protagonistas (Francis Bacon) adiantou a senha:
“Conhecer é poder”
[16]. É do mesmo filósofo também o mote da nova ciência: “luta contra a natureza para... domina-la (!)”. Está declarada a guerra. A razão deixa de ser o “logos” orientador dos gregos para se tornar um instrumento de dominação e opressão. Os escombros da visão baconiana estamos descobrindo hoje. Nem mesmo o próprio Bacon, com seu alerta de que só se fizesse isto obedecendo às leis da natureza, conseguiu sustar os efeitos das premissas colocadas. E a terra continua de roldão na voracidade desbragada da nova civilização do ter. Com a revolução industrial, a situação chega a horrores nunca vistos.
Conseqüências da visão mecanicista
Coincidentemente, contemporânea da ciência, nasce a moderna escravidão. Pensamos estarem aqui as mais fortes premissas do desastre ecológico. Se o mundo é uma máquina, podemos sugar-lhe todas as possibilidades, sem nenhuma prestação de contas. Esvaída totalmente, a máquina é transformada em sucatas. De outra parte, se o homem é também uma máquina, vamos explorá-lo até às fezes. Depois abandonemo-lo aos carcomas dos anos e aos miasmas das endemias. Afinal, o novo escravo é negro e não tem alma!...
[17] A pretexto de vencer a natureza, escravizemo-la. Da escravidão à destruição é um passo. A terra torna-se um deserto e o mar, a tumba dos africanos do meio-sul!
Missão da Filosofia
Nem tudo, porém, está perdido. Qual fênix, das cinzas renasce a filosofia. Nas fímbrias do horizonte começa aparecer uma outra visão de mundo. Já no fim do século XIX, o neotomismo fez um apelo profundamente clamoroso pela conciliação entre filosofia e ciência, tendo em vista o panorama das ameaças aos ecosistemas que se avizinhavam. Nietzsche (1854 - 1900, na Gaia Ciência afirma que a ciência é uma deusa de pés de barro, atualizando a preocupação de Montaigne (1533 – 1592) que proclamava:a filosofia é a consciência da ciência.
A ciência só explica. Não basta explicar, é necessário compreender que é o papel específico da filosofia. Explicação e compreensão não são termos equivalentes. Explicação é somente o ato de desdobrar a realidade diante de nós, ato de determinar as condições de um fenômeno (Lalande, Compréhension, p. 159): é prender a realidade nas malhas de conceitos lógicos, deixando de lado a realidade total do ser humano. A ciência é exclusivista. Ao contrário, o termo compreensão significa muito mais. Possui uma conotação afetiva e sinaliza o ato de se colocar no lugar do outro, de compartilhar com ele em seu ser e em seu fazer. Nos meados do século findo, o filósofo Joseph Vilatoux insistia que não basta explicar, é preciso compreender.
O Budismo, o Hinduísmo, bem antes, mais recentemente Schopenhauer e atualmente, Emannuel Lévinas, Alberto Schweitzer, Dalai Lama, Edgar Morin, Leonardo Boff
[18] têm desenvolvido o conceito de compaixão universal e de uma consciência planetária. No dizer de Boff (Caderno de Fé e Política n° 14):
...não podemos nos entender como seres separados da Terra; nem podemos permanecer na visão clássica [19] que entende a Terra como planeta inerte, um amontoado de solo e de água penetrados pelos 100 elementos que compõem todos os seres. Nós somos muito mais do que isso. Somos filhos e filhas da Terra. Somos a própria Terra que se tornou auto-consciente, a Terra que caminha, como dizia o grande poeta mestiço argentino Athaulpa Yupanqui, a Terra que pensa, a Terra que ama e a Terra que celebra o mistério do universo.
Portanto, a Terra não é planeta onde existe vida... A Terra não contêm vida. Ela é vida, um super-organismo vivente. Falou-se em compaixão. “Ter compaixão significa sofrer junto com o universo, estar junto com a realidade mais doente do universo, respeitá-la. A paixão universal procura a felicidade de todos os seres vivos, não só o ser humano. (idem, ibidem).
A Terra precisa de compreensão. A ciência não é capaz de compreender. Está muito presa aos esquemas lógicos pouco afeitos a coisas do coração. Pouco resolve, diz Boff “decifrar o código genético, descobrir as leis químicas, a composição atômica e subatômica ou até mesmo liquidar com o mistério”. A natureza continuará gemendo e chorando à espera da libertação. Compreender é estabelecer um pacto com tudo que vem ao encontro do ser humano: astros, terra, plantas, animais, homens. Compreender é um fenômeno empático; colocamo-nos em lugar do outro Compreender é sentir-se dentro desta
...totalidade, que é o universo. Todos nós somos parte, parcela de uma totalidade que nos desloca para todos os lados, que é maior do que nós e do qual nós dependemos: do ar que respiramos. do feijão com arroz que comemos, do chão para os nossos pés, em que possamos caminhar descalços sem logo pegar vermes, ou ácidos tóxicos que nos transmitem doenças. Nós temos esse direito, mas as coisas também têm sua autonomia. A pedra tem o direito de existir; o animal que levou milhões de anos para se formar tem o direito de continuar existindo” (BOFF, op. cit. p. 12).
A filosofia é compreensiva. Torna-se mais que urgente colocar em relevo o papel da filosofia diante da ecologia. A ciência só explica. Para explicar, ela se afasta do objeto com a finalidade de melhor relacionar seus fenômenos, quanto a variáveis antecedentes, conseqüentes e interve-nientes. A ciência, com os olhos da razão, só vê a realidade numa teoria que é uma espécie de espelho retrovisor. A filosofia, ao contrário, se aproxima da realidade, abraçando-a empaticamente, realizando assim a etimologia da palavra compreensão, que é: “cum + preendere”. Prender com ... com tudo que temos: razão, memória, imaginação, paixão, afeto, sensibilidade, coração. A filosofia abraça a realidade com um afago meigo e universal
Heidegger, em sua fenomenologia, sinaliza subliminarmente para a necessidade de salvar o mundo para salvar o homem. É que não existe homem sem mundo. Sendo a recíproca verdadeira. Se o homem é a instância de desvelamento do mundo (como afirma Heidegger)
[20], aquele depende deste. O homem só é homem com o mundo, ponteia Sartre: Sem o “em-si” não existe o “para-si”. (Sartre). O “em-si” é o mundo, o “para-si” é o homem.
07 - filosofia é necessária para se preservar e fortalecer a democracia
Contemporaneidade da filosofia e da democracia
Filosofia e democracia nasceram ao mesmo tempo. Em abono a esta afirmativa, vamos nos socorrer de algumas assertivas de Cornellius Castoriadis[21]: “Filosofia e democracia nasceram juntas... A sua solidariedade resulta do fato de ambas exprimirem a sujeição da heteronomia”. (Castoriadis, 1992 : 246 e p. 138). “A filosofia foi criada na polis e pela polis e faz parte do mesmo movimento que criou as primeiras democracias” (idem, p. 251). “O nascimento da política é indissociável do nascimento da filosofia” (idem, p. 140 e 137).
Conceituação e qualificação de democracia
Democracia é o melhor regime de governo, por apresentar o mais refinado mecanismo de que o homem pode se servir para expressar sua liberdade que é seu maior bem e para controlar a máquina do Estado, reduzindo assim a servidão. A democracia é o reduto das liberdades e responsabilidades individuais em que os indivíduos são sujeitos autônomos, cidadãos livres, diferentemente dos regimes totalitários em que os indivíduos não passam de sujeitos “assujeitados”, massa de manobra dos poderes dominantes.
Democracia é o regime de governo em que a soberania do cidadão é limitada pela soberania das leis e pela transferência da soberania individual e de grupos aos eleitos legitimamente. Outrossim, a democracia compreende a auto-limitação do Estado pela divisão dos poderes, pela garantia aos direitos individuais e a proteção da vida privada. Além de método de governo, é a democracia, sobretudo, uma virtude da natureza humana, um hábito existencial. Diante destes conceitos, a velha definição de democracia, complementada por Lincoln
[22], parece uma logomaquia meio abstrata.
Democracia e conflito
Que a democracia seja consenso, todos sabemos. O que pode estranhar é que ela é igualmente diversidade, dissenso, antagonismo, conflito. E é este caráter substancial da democracia que queremos ressaltar aqui.
“A democracia necessita, ao mesmo tempo, de conflito de idéias e de opiniões, que lhe conferem sua vitalidade. Mas a vitalidade e a produtividade só podem se expandir em obediência às regras democráticas que regulam os antagonismos, substituindo as lutas físicas pelas lutas de idéias, e que determinam , por meio de debates e eleições, o vencedor provisório das idéias em conflito, aquele que tem, em troca, a responsabilidade de prestar contas da aplicação de suas idéias em conflito, aquele que tem, em troca a responsabilidade de prestar contas da aplicação de suas idéias” (Morin, 2000: 108).
A experiência trágica dos totalitarismos vieram ressaltar esta característica da democracia. A democracia compreende e fomenta a diversidade de interesses e de idéias. A democracia deve ouvir o grito das minorias e dos contestadores, por muito desviante e heré- tico que seja. Edgar Morin
[23] expressa o seguinte:
“Do mesmo modo que é preciso proteger a diversidade das espécies para salvaguardar a biosfera, é preciso proteger a diversidade de idéias e opiniões, bem como a diversidade de fontes de informação e dos meios de informação (imprensa, mídia), para salvaguardar a vida democrática” (Morin, 2000 : 108)
Continua Morin: “A democracia necessita ao mesmo tempo de conflitos de idéias e opiniões que lhe conferem sua vitalidade e produtividade. Mas a vitalidade e a produtividade dos conflitos só podem se expandir em situação de diálogo”.
Por tudo isto, vê-se a necessidade da filosofia para implementar a democracia.
Democracia, filosofia e educação
Democracia é o regime de governo que emerge de baixo para cima - vem do povo. Também é bom notar que nossa democracia está longe daquela que nós queremos, ainda é algo meio abstrato, muito influenciada pelo poder do dinheiro (seria mais um plutocracia?), mas é a que temos no momento; “ruim com ela, pior sem ela”. A pior democracia ainda é melhor do que a melhor ditadura. A democracia é tão importante, que ela deveria ser guindada a um dos principais mandamentos de qualquer religião.
Como virtude, hábito social e moral, a democracia deve ser ensinada desde o alvorecer da vida das crianças, como acontece com todos os hábitos.
Matthew Lipman, de quem já se falou no item 03, à maneira de John Dewey, é um entusiasta da democracia, parece ter entendido isto muito bem.
Desde Aristóteles, passando pelo Presidente Lincoln, sabia-se que democracia é “governo do povo, pelo povo, para o povo”. Esta definição, entretanto, não passava de abstração, melhor dizendo de uma logomaquia, por lhe faltar um método de aplicação. Dewey veio trazer uma base concreta para esta abstração. Democracia, como já lembramos no cap. 02, é mais que “um método de governo”; é, primordialmente,
“um modo de existência associada, uma experiência conjunta e comunicada. Democracia é uma experiência compartilhada” (KNELLER, p. 66). O que Dewey quer dizer é que democracia é o hábito de
respeitar e aceitar as experiências alheias, tendo em mira um consenso. Esse hábito, porém, só se adquire com a educação, desde a mais tenra idade. Se a criança não se acostumar a ter hábitos democráticos no seio da família, em sua rua, em seu bairro, no clube, na escola, jamais será ela um democrata. E, não se tendo pessoas democráticas, jamais poderá haver democracia: falta sua alavanca de sustentação.
[24]A propósito, vamos citar algumas reflexões de Walter Kohan:
Se quisermos democratizar nossas sociedades, diria Lipman, é preciso educar nossas crianças na filosofia e democracia... Porque se conseguirmos que elas pratiquem a filosofia em comunidades de investigação deliberativa, então haverá muito mais chances de que elas sejam pessoas razoáveis e democráticas e que, a partir desta prática filosófica e democrática, elas lutem para que as instituições e práticas sociais sejam mais igualitárias e menos autoritárias.
Desse modo, para que nossas crianças sejam democráticas, precisamos envolver-nos em diálogos filosóficos com elas, porque esses diálogos são parte insubstituível da liberação democrática.
...sem a prática da filosofia, as crianças não poderiam ser cidadãos críticos, reflexivos e atenciosos, e a democracia não pode crescer onde há cidadãos acríticos, não reflexivos e pouco atenciosos. Por isso, diria Lipman, se a democracia é desejável, a filosofia é necessária... praticar a filosofia é formar na democracia” (KOHAN, 2000 : 55-56).
Para finalizar este capítulo, nada melhor do que lembrar Harold Bloom:
[25] “uma democracia depende de pessoas capazes de pensar por si próprias. E ninguém faz isso sem ler”. Sem ler filosofia, acrescentamos nós.
O8 - A filosofia é necessária para ajudar o entendimento das outras disciplinas e a personalizá-las em uma totalidade que é a pessoa humana
Cada vez mais ganha terreno o paradigma da interdisciplinaridade
[26] e transdisciplinaridade
[27].
A filosofia, que tem a função de unir as pessoas pelo diálogo, é mais do que propícia para desempenhar o papel de fomentar a interdisciplinalidade e transdisciplinaridade.
A filosofia é necessária para a totalização e personalização de nossos conhecimentos. Muitos graduados não são pessoas formadas em sua integralidade. Fazem-se portadores de disciplinas, mas não são pessoas competentes e sábias em sua profissão. Tornam-se verdadeiros cabides de conteúdos compartimentados ou uma colcha de retalho: um médico, por exemplo, no dia da formatura, numa haste carrega a biologia, na outra carrega a química, na outra, as propriedades terapêuticas dos minerais, na outra, a contribuição da fitoterapia ou uma especialização qualquer; não são médicos, no muito, estão médicos, portadores que são de dispersivas intuições e apetrechos teóricos da arte curativa; perderam o viés da transdisciplinaridade e se perderam no emaranhado da multidisciplinaridade onde a totalidade do ser humano se evapora. Daí os efeitos colaterais mutiladores de muitas práticas terapêuticas, máxime na alopatia. O que estou dizendo da medicina, poderia dizer de qualquer outra profissão.
Sejamos sinceros, Nietszche tem razão quando disse que a ciência é uma deusa de pés de barro; entendido, a ciência multidisciplinar, não a transdisciplinar. Mas, a propósito, demos a palavra a Edgar Morin, 2000 : 45-47:
... o século XX produziu avanços gigantescos em todas as àreas do conhecimento científico, assim como em todos os campos da técnica. Ao mesmo tempo, produziu nova cegueira para os problemas globais, fundamentais e complexos, e esta cegueira gerou inúmeros erros e ilusões, a começar por parte dos cientistas, técnicos e especialistas.
Por quê? Porque se desconhecem os princípios maiores do conhecimento pertinente. O parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem apreender ‘o que está decido junto’... Trata-se de entender o pensamento que separa e reduz, no lugar do pensamento que distingue e une. Não se trata de abandonar o conhecimento das partes pelo conhecimento das totalidades, nem da análise pela síntese. Existem desafios da complexidade com os quais os desenvol-vimentos próprios de nossa era planetária nos confrontam inelutavelmente.
...O fluxo de conhecimento, no final do século XX, traz nova luz sobre a situação do ser humano no universo. Os progressos concomitantes da cosmologia, das ciências da Terra, da ecologia, da biologia, da pré-história, nos anos 60-70, modificaram as idéias sobre o Universo, a Terra, a Vida e sobre o próprio homem. Mas estas contribuições permanecem ainda desunidas. O homem continua esquartejado, partido como pedaços de quebra-cabeça ao qual falta uma peça... É impossível conceber a unidade complexa do ser humano pelo pensamento disjuntivo, que concebe nossa unidade de maneira insular, fora dos cosmos que a rodeia...do espírito do qual somos constituídos ... As ciências humanas são elas próprias fragmentadas e compartimentadas. Assim a complexidade humana torna-se invisível e o homem desvanece ‘como um rastro na areia’. Além disso, o novo saber, por não ter sido religado, não é assimilado nem integrado. Paradoxalmente, assiste-se ao agravamento da ignorância do todo, enquanto avança o conhecimento das partes.
[1]Com este repto, no Primeiro Congresso Latino de Filosofia da Educação, o então Presidente do Conselho Nacional de Educação, Prof. José Antonio Teixeira, começou seu célebre discurso sobre Anísio Teixeira: de Dewey a Darcy Ribeiro.
[2] Na América Latina, temos o fato dos Astecas e dos Incas que, apesar de possuírem uma alta
cultura superior a dos europeus, não tiveram a mesma sorte dos gregos, pois foram inteira-
inteiramente esbulhados de sua cultura. O que os europeus não conseguiram transportar para
Europa, eles enterraram
[4] O arqueólogo Teilhard de Chardin, na década de sessenta criou esta palavra para sinalizar o
processo de crescimento do ser biológico do homem para a sua plenitude como ser humano. O
filósofo Richard Rorty fala do processo de produção de “versões melhoradas de nós mesmos”.
[5] Walter Kohan é argentino, com doutoramento na Universidade do México, com tese sobre Michel Foucault, é professor de filosofia da educação e coordenador da área “filosofia na escola”, da faculdade de educação da UNB. É presidente do Conselho Internacional para Investigação Filosófica com Crianças e Jovens.
[6] Lipman é um filósofo e educador norte-americano, que apresentou a melhor proposta de iniciação filosófica para criança. Ainda que devamos fazer restrições à sua filosofia que não aponta o vetor da transformação da realidade, não podemos deixar de entoar loas a seu método, por certo, o melhor que a história da filosofia nos ofereceu até o presente momento, segundo afirmação de Walter Kohan, em seu livro Filosofia para criança.
[7] O vocábulo “pessoa” vem do verbo latino “personare” que quer dizer soar,emitir som. Pessoa emite
som, e este som deve ser ouvido.
[8]Por causa desta vocação iconoc1asta, quase todos os filósofos foram perseguidos, de uma ou outra maneira.
[9] Paulo Ghiradelli é mestre e doutor em Filosofia e Filosofia da Educação; atualmente dirige
o Centro de Estudos em Filosofia Americana.
[10] No cap. 05 será encontrada a alegoria do homem nu.
14 Este é o papel frontal da crítica
[12] Note-se que ação não sinônimo da poiésis dos gregos (não é ação sobre as coisas, mas ação sobre as pessoas.). Também não se pode confundir com Práxis, pois ação é só um elemento da práxis enão a práxis toda
[14] Minerva é a deusa da sabedoria e a coruja é o logotipo (símbolo) da filosofia.
[15] Entretanto é bom frisar que foi na Idade Média (em contraste com o mundo grego) que se esbulhou o cósmos do divino que foi localizado estritamente na transcendência, dando início à desastrosa dicotomia “mundo sagrado versus mundo profano” – tudo isto é, a nosso ver, o marco do desregramento ecológico cujo paroxismo macabro estamos vivendo hoje).
[16]Hoje, graças sobretudo à filosofia de Michel Foucault, sabemos que não só saber é poder, mas o inverso também é verdadeiro. Existe uma relação dialética entre saber e poder e poder e saber, isto é, se o saber produz poder, o poder, por sua vez, produz saber. Aliás, segundo o filósofo citado, as relações de poder pervade todas as relações sociais. Nada está imune ao poder, nem mesmo a produção da subjetividade. É a microfísica do poder entrelaçando tudo.
[17]Até o século XVI, pensava-se que o negro (bem como o índio) não era dotado de alma. Isto foi até objeto de consulta ao Papa.
[18] Leonardo Boff é teólogo, filósofo que, de tempos para cá, tem dedicado sua privilegiada inteligência
aos problemas ecológicos, escrevendo várias obras sobre o assunto.
[19] A nosso ver, há um pequeno engano aqui, a visão clássica a que se refere Boff é a visão mecanicista
da Idade Moderna, pois, na Idade Clássica e na idade pré-clássica, a visão era orgânica.
[20] Heidegger é, na opinião de alguns, o maior filósofo do século XX, autor de Ser e o Tempo.
[21] Filósofo grego do século XX, radicado na França.
[22] Aristóteles ensinou que democracia é o governo do povo pelo povo, ao que Lincoln acrescentou a expressão “para o povo”
[23] Em Edgar Morin, não sabemos o que mais admirar em sua multidimensionalidade cultural: se o
filósofo, o antropólogo, o sociólogo, o ecólogo, o cientista político ou o pedagogo.
[24]Walter Kohan emite a seguinte crítica sobre o conceito de Democracia de Dewey: “Resulta notório o acentuado caráter idealista e a-histórico dessa concepção de 'democracia'. Dewey não fala de nenhuma democracia existente, mas de um ideal ético político; não caracteriza como são as relações sociais imperantes em nossa sociedade, mas como deveriam ser... Dewey não assume como parte consubstancial das democracias existentes as exclusões e iniqüidades econômicas, políticas, sociais, culturais, étnicas, religiosas, de idade e de gênero que fizeram partes delas, desde a Atenas de Péricles até a democracia estadunidense. Preso a um industrialismo e cientificismo que faz seus, esse ideal não parece oferecer chances de transformar as sociedades burguesas que o impulsionam” (KOHAN, opus cito P. 49).
[25]A Revista Veja, de 31 de janeiro de 2001, em suas páginas amarelas, trouxe uma entrevista com Harold Bloom, crítico literário norte-americano. O título da entrevista é Leio, logo existo, uma paráfrase do célebre apotégma de Descartes: Penso, logo existo.
[26] Interdisciplinaridade é a contribuição de todas a disciplinas particulares numa função integrada. È
diferente da multidisciplinaridade em que cada disciplina labora isoladamente em seu respectivo
canto.
[27] Transdisciplinaridade se apóia na totalidade da sabedoria humana em que as partes sãosecundarizadas ou vistas em lusco-fusco. Importante é a visão onímoda do todo, isto é o todo vista de todos os lados, inclusive do lado cósmico e do sagrado.